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Dia Mundial da Saúde Mental: Relembre Osaka e Biles nas Olimpíadas 2021

POSTADO POR Karolina Florindo 10/10/2021

Hoje, 10 de outubro, é comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental. E acabamos de sair do Setembro Amarelo, que traz o foco na conscientização e prevenção ao suicídio. Isso não significa que devemos lembrar de cuidar da nossa mente e zelar pelo bem estar de quem está ao nosso redor apenas nesses períodos!

Tantos nos esportes tradicionais, quanto nos esportes eletrônicos, temos exemplos de que cuidar da saúde mental é uma prática que deve ser diária e que pode sim ser o diferencial para um bom rendimento!

Nas Olimpíadas de 2021 vimos Naomi Osaka e Simone Biles que evidenciaram a importância desses cuidados. Ambas partilham posicionamentos contrários à lógica vencedora, colocando-as em primeiro lugar, esquecendo-se das premiações e das cobranças excessivas. E, levantam a bandeira sobre a importância da saúde mental, dentro e fora das competições.

Quebra das demasiadas expectativas:

Com apenas 23 anos, Naomi Osaka, a filha de uma japonesa e um haitiano já conquistou quatro Grand Slams. E foi a atleta escolhida para acender a pira olímpia no torneio.

Porém, os últimos jogos olímpicos trouxeram alguns resultados inesperados. Entre eles, a rápida jornada da tenista, que também foi eliminada precocemente do US Open.

Durante uma entrevista coletiva pós jogo, Osaka relatou como ela se sentia frente às competições de tênis, acrescentou que:

[..] Quando eu ganho não me sinto feliz. Eu sinto mais como um alívio. E então, quando eu perco, fico muito triste. Não acho isso normal…

Naomi Osaka é um exemplo a ser seguido de cuidados com saúde mental nos esportes.

O mesmo cenário estava disposto à Simone Biles, a queridinha dos Estados Unidos. A ginasta com 24 anos era uma das favoritas a conquistar o ouro, devido a seu desempenho na última olimpíada (Rio 2016).

Entretanto, o enredo foi diferente, ela decidiu não competir mais em equipe e também em algumas provas individuais, o que diminuiu suas chances de alcançar o pódio.

A atleta terminou sua participação nos jogos olímpicos com duas medalhas, uma de prata e outra de bronze.

O percurso dessas atletas foi contrário a tudo que os telespectadores estavam esperando. Haviam altas expectativas sobre o rendimento e a performance delas, não havendo espaço para eventuais erros e a demonstração de vulnerabilidades.

 

Saúde mental em evidência no esporte

Foi emblemático, para muitos, acompanhar as escolhas das competidoras, que normalmente são destaques, devido a excelentes performances e por sempre estarem no topo.

Após a eliminação, a tenista japonesa compartilhou em suas redes sociais, o quão exaustivo estava sendo para ela.

Visto que, a todo o momento ela se cobrava e era cobrada, para atingir expectativas inalcançáveis. Como ganhar todas as partidas, conceder entrevistas – mesmo após ser derrotada e não demonstrar frustrações e sentimentos negativos frente a perda – , estar em forma e com a melhor aparência possível. Já que essa acaba sendo uma outra preocupação imposta para as atletas mulheres,

Tal como, houve a desistência de cinco finais por parte da ginasta, durante os jogos olímpicos. Depois, em entrevista Biles justificou que abriu mão da realização dessas provas em prol de sua saúde mental.

As justificativas delas, ao abdicarem provas ou ao serem eliminadas, partilhavam um eixo comum. As duas retratavam a urgência de haver um espaço dentro dos esportes de alto rendimento, destinado à saúde das competidoras.

Além do mais, como pontuado pela atleta de ginástica artística:

[…] Não somos apenas atletas. Somos pessoas!

Simone Bailes segue o exemplo da colega olímpica e prioriza sua saúde mental nos esportes.

Vida além dos pódios esportivos

Episódios como esses acabam por evidenciar que, atletas são pessoas, e não estão isentas de sentir, desistir, perder e encarar a vida.

Desde 2018, Osaka enfrenta crises de ansiedade e depressão. No decorrer do US Open se posicionou contrária a conceder entrevistas pós-jogos no torneio de Roland Garros.

A jovem tenista acredita que isso não é algo saudável, devido ao alto nível de estresse e ansiedade que ela era posta a prova.

Os entraves também se mostraram presentes na trajetória de Biles. Recentemente, em seu testemunho ao Senado norte-americano, a medalhista olímpica compartilhou ao mundo sua jornada.

Biles começou com a seguinte frase:

Ganhei 25 medalhas em mundiais, sete em Olimpíadas, e sou uma sobrevivente de abuso sexual.

Você pode conferir mais sobre o depoimento de Simone aqui.

Depois, complementou que por mais forte que ela fosse, as consequências desses abusos se mantinham vividas e que jamais serão esquecidas por quem sofreu algum tipo de abuso.

Nós, mulheres, acabamos nos deparando com múltiplas barreiras edificadas por preconceitos e violências  – física, psicológica, sexual e simbólica. E, isso não se evidencia somente nos esportes. Essas violências podem estar atreladas ao fato de sermos mulheres.

Saúde mental não se mede por vitórias ou medalhas!

O corpo feminino é constantemente violentado, não importa o status social, político ou econômico que a mulher ocupa. E, a sociedade espera que continuemos fortes e silenciosas, como se a violência devesse ser naturalizada.

As medalhas não as blindam de enfrentar situações traumáticas, pode ser exaustivo retornar às quadras e aos tablados, pois isso pode implicar na (re)vivência de situações aversivas.

Quando um(a) atleta consegue alcançar o pódio, ou até mesmo finaliza uma prova. A verdadeira vitória não é aquela individualista. O preparo para essa trajetória vencedora não depende unicamente da pessoa atleta.

Reconhecer isso é um ato necessário. A conquista maior nem sempre é recompensada por medalhas. Talvez, o que importa para determinado (a) praticante de esporte seja estar bem consigo mesmo e/ou ter conseguido, em conjunto com a comissão técnica, alcançado suas metas.

A mais bela vitória pode ser a do autoconhecimento, já que com ele existe a possibilidade de reconhecer-se e de compreender que há limites que não podem ser ultrapassados.

Contudo, é inegável a emoção e o sentimento partilhado, quando vemos a conquista de uma amiga ou até mesmo de atletas de outras partes do mundo.

A corrida vivida é repleta de obstáculos, mas nunca estamos sozinhas.

 

O fardo do pioneirismo e a necessidade de mais atletas como Biles e Osaka

Além das duas serem símbolos de representatividade para meninas e mulheres, elas são exemplos a serem seguidos, devido a coragem de partilhar suas histórias e exigir uma reflexão por parte da sociedade.

Biles retomou, no senado, que sua história e de suas companheiras devem ser um marco, para que outras meninas e mulheres não tenham que sofrer com esse tipo de violência.

E como as instituições e as pessoas que trabalham nas mesmas não devem compactuar com a conivência. Denúncias devem ser apuradas e a escuta deve ser uma ferramenta primordial.

Falemos sobre saúde mental, não só em setembro.

Acaba sendo muito comum retratar sobre a importância da saúde mental no mês de setembro, por conta do dia (10/09)  ser a data mundial da prevenção ao suicídio.

Contudo, essa temática deve ser abordada com mais frequência, nos mais diversos contextos – escola, família, trabalho, séries , filmes , esportes, políticas públicas e entre outros. E não somente em um mês do ano.

Nós, do You Go Girls, reiteramos a importância da busca por um ajuda profissional, caso você esteja passando por momentos delicados e/ou até de desconhecimento. Pois, um outro olhar poderá auxiliar na maior compreensão das sutilezas e dificuldades da vida.

 

Links importantes:

Centro de Valorização da Vida

Mapa Saúde Mental

Setembro Amarelo

Vita Alere

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