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Precisamos trazer ao foco a representatividade feminina no mundo geek. Não é de hoje que mulheres são subjugadas: qualquer sinal de ameaça ao sexo masculino, somos menosprezadas. Mulheres morreram queimadas condenadas por bruxaria por terem se aprofundado em conhecimentos médicos e saberem mais que homens ou se eram atraentes demais ou se queriam liberdade sexual. É sempre válido lembrar que o simples fato de ter o sexo feminino fez com que começássemos a estudar, votar, ter direito de ir e vir muito tempo depois que os homens já tinham essas atividades como atividades normais. Hoje as coisas não são tão diferentes quanto gostaríamos.

Se em De Volta Para O Futuro, Marty McFLy e Dr. Emmett Brown acharam em 2015 um mundo de última geração com skates que flutuam, carros que voam e tênis que se ajustam automaticamente aos pés, eles provavelmente não imaginariam que o mundo agora em 2018 ainda teria práticas machistas similares ao ano de 1989, época de lançamento da trilogia mencionada. Nossa sociedade patriarcal ainda tem inúmeros feminicídios, mulheres vítimas de abusos sexuais, salários desiguais e diversos problemas que as únicas vítimas são mulheres. Infelizmente, no meio nerd não é diferente: em um lugar que buscamos refúgio e distração, muitas vezes somos hostilizadas ou menosprezadas.

A representatividade feminina que era sempre sexualizada

Há pouco tempo, cerca de 4 ou 5 anos, eu aposto que você assim como nossa equipe (meninas com interesses no mundo nerd), escutava coisas como “isso não é coisa de menina”, ou “está falando disso só pra impressionar os meninos” ou até mesmo “você é garota, não sabe dessas coisas”. Perdi a conta de quantas vezes me sentia silenciada por achar que o mundo geek não era meu local porque era exatamente isso que me diziam.

Apesar disso, continuava me empolgando ao jogar Street Fighter com personagens femininas como a Cammy e a Chun-Li porque a história da Princesa Peach indefesa em Super Mario Bros. nunca fez muito meu feitio. Cresci vendo Princesa Leia Organa, Lara Croft, Mulher Maravilha, Mulher-Gato, Hera Venenosa, Mulan, Kim Possible, As Três Espiãs Demais, Meninas Super Poderosas, Jean Grey, Xena, Sonya Blade e Zelda sendo e se tornando heroínas de suas próprias histórias, para mim elas eram exemplos de que mulheres são capazes de fazer o que quiserem.

Personagens de games: Lightning (Final Fantasy), Samus (Metroid), Peach (Super Mario Bros.), Zelda, Chell (Portal 2), Lara Croft e Amy Rose (Sonic).

Com o tempo e a idade, parte da magia começa a se esvair e não porque perdemos o gosto pelo assunto, mas porque começa a ser um pouco frustrante como mulheres são objetificadas e colocadas como vulgares em jogos, filmes, séries e quadrinhos. Essa sexualização é um dos motivos para que, mesmo diante de figuras femininas tão importantes, garotas ainda sofram com assédios e ofensas em jogos online ou em rodas de conversas relacionadas ao mundo nerd. Acredite se quiser: até nosso site sofreu “alfinetadas”, apesar de tanto apoio por defendermos e representarmos garotas gamers.

Diante das violências, nosso refúgio está apenas em umas com as outras, “support your sisters” e sororidade são as prioridades. E mesmo com cerca de 52% do público que joga games no Brasil ser do sexo feminino, vemos pessoas referências para o público nerd fazerem comentários machistas e afirmarem que isso é tudo culpa da “geração mimimi”, mas temos uma coisa para avisar: A luta não é de hoje. A ignorância e ego da maioria de achar que ser chamado de machista é uma perseguição pessoal chega a nos surpreender.

Até hoje, personagens femininas são diminuídas pelo machismo

3 anos atrás, foi anunciado que a série Doctor Who teria seu personagem principal sendo interpretado por uma mulher, Jodie Whittaker, pela primeira vez. Nós, mulheres, vibramos pois era um sinal da representatividade feminina sendo valorizada! Os homens? Insatisfeitos, para variar. A afirmativa era que o personagem era incompatível com o gênero feminino porque, aparentemente, um extraterrestre que viaja entre o tempo e espaço é adorável mas se for mulher não pode. Isso foi em 2015, parece que foi ontem, e ainda temos que ouvir que hoje o machismo quase não existe.

Representatividade feminina em Star Wars: Princesa Leia, Padmé Amidala, Jyn Erso e Rey.

Outro exemplo que me deixou ainda mais incomodada (digo isso por eu ser particularmente fã da franquia): Quando Rey, em Star Wars, foi a agradável surpresa de ser uma das últimas jedis vivas e protagonista da mais nova trilogia, houveram represálias. Mesmo que Star Wars tivesse Princesa Leia ou Padmé anteriormente, parece que para os fãs homens é inaceitável o destaque de uma mulher forte, já que também foi alvo de críticas a escolha de Jyn como protagonista do spin off Rogue One.

Como podemos valorizar a representatividade feminina entre geeks?

Falamos disso uma vez aqui no site. Se você é homem, primeiro se avalie: Se você qualifica tudo da representatividade feminina como “mimimi”, já começou errado. É necessário entender que nós, mulheres nerds, temos os mesmos interesses que vocês: se jogamos videogames ou games online, é porque gostamos disso; se acompanhamos séries ou filmes, é porque o entretenimento nos agrada; se nos vestimos de cosplayers, é por apreciar o personagem e não para atrair vocês sexualmente (não é nossa culpa que a maioria das personagens femininas são sexualizadas). Saiba que você e seus amigos podem fazer com que a parcela do papel da cultura nerd transforme a visão machista empregada socialmente.

Se você é mulher, não se esconda, por favor! Estamos aqui! Apesar de todos os poréns que incomodam a gente, estamos vendo um aumento do empoderamento feminino na cultura pop que geram efeitos positivos. Nossa geração vem nos dando esperança, força e voz. Não se escondam atrás de users masculinos. Nós somos Jedis, extraterrestres, super-heroínas, presidentes, vilãs, guerreiras, bruxas e o que quisermos ser, não devemos nos esconder! Podemos escolher o mundo de princesas, com encantos e brilhos, mas também podemos escolher o mundo com espadas, poderes especiais e sabres de luz pois podemos fazer tudo que quisermos.

Meninas, saibam sempre que vocês são vistas, representadas e que a força que as personagens fictícias representam já estava dentro de vocês. A sociedade é machista mas não abaixe a cabeça para isso. Nossa força, união e determinação vai mudar isso. Nós, do You Go Girls, estamos aqui para lembrar a todas vocês que juntas somos mais fortes. Somos guerreiras e essa é a nossa guerra!

 

Dicas para inspirar!

Em tempos sombrios e machistas, o mínimo sinal de esperança nos preenche o coração, certo? Então vamos deixar aqui algumas sugestões para vocês que vale lembrar a importância da representatividade feminina:

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