A final do Ravenão 2.0, campeonato feminino, aconteceu no último final de semana e premiou o Team Innova como grande vencedor.
O torneio de League of Legends foi realizado durante o mês de outubro, com a presença de times e staffs exclusivamente femininas. Ao todo foram 15 times inscritos em 5 dias de confrontos, com direito até a chave de ‘repescagem’ para garantir que todos tivessem chance de mostrar o máximo do seu potencial.
A final foi disputada em formato Md5, no dia 17 de outubro, entre Team Innova e Anhembi eSports. Innova foi a equipe vencedora, mas, independente dos resultados, todos os times participantes deram o seu melhor e levaram a sério a competição.
O torneio contou com casters e staffs femininas. Revezando durante os finais de semana e partidas, todas se comprometeram com responsabilidade e fizeram com que fosse possível realizar com sucesso o Ravenão 2.0.
A organizadora, Ravena Dutra, é comentarista de esports, convidada fixa do programa Depois do Nexus e apresentadora do quadro de games no canal SBT. A ideia de realizar um torneio começou em março de 2020, como um desejo de fazer mais mulheres terem oportunidade de jogar e agora já está na segunda edição.
Você pode saber mais sobre a Ravena e outras informações sobre o campeonato na nossa matéria pré-evento aqui!
Ravenão 2.0: de onde veio a inspiração?
Não é novidade alguma que o cenário feminino nos games e esports não tem tantos holofotes quanto o masculino.
É preciso determinação para ser uma mulher nesse mercado, e isso com certeza não falta. O acolhimento que Ravena recebeu do público na realização do primeiro torneio foi tão grande que incentivou a comentarista a realizar o Ravenão 2.0 ainda no mesmo ano.
Inclusive, Ravenão foi um apelido carinhoso dado pelas torcidas durante a primeira edição. O codinome foi tão querido que virou o nome oficial para a segunda edição.
Ravena destacou também, que outro grande motivador para continuar iniciativas femininas como essa é a oportunidade de inspirar mais e mais meninas a darem início a possíveis carreiras nos esports.
Dificuldades dos campeonatos femininos
Como já comentamos, e você provavelmente deve saber, existem algumas barreiras a serem quebradas. Para mulheres conquistarem de vez seus lugares nos campeonatos, não apenas de League of Legends, mas de esports como um todo, ainda existem dificuldades.
Ravena conta que uma das maiores dificuldade foi conseguir parcerias e apoio de empresas, principalmente para a premiação. O destaque nas mídias, incentivo de marcas e grandes investimentos tendem a ficar restritos nos campeonatos com times exclusivamente masculinos.
Sem se deixar desanimar pelo pouco interesse de empresas no ascendente cenário feminino de esports, Ravena fez acontecer mesmo assim. Para garantir premiação às participantes, parte do valor foi custeado pela própria organizadora. Além, é claro, da parceria com a Lunion e apoio de outras pessoas do meio que fizeram o possível para que tudo desse certo.
Vem aí: Ravenão 3.0?
Se você ficou animada e já está chamando seu time para a próxima edição do Ravenão, vamos com calma!
A vontade da organizadora em realizar um possível Ravenão 3.0 é grande, e já vimos que ela está disposta a lutar e muito pelo cenário feminino. Entretanto, para uma próxima temporada ela gostaria de que o campeonato evoluísse mais alguns passos.
“Eu gostaria de realizar um torneio profissional que conte com toda a estrutura possível para proporcionar o melhor às mulheres que participarem”
O fato da comentarista ter realizado dois campeonatos sozinha é de uma importância enorme, e um esforço imensurável. Também não podemos deixar de lembrar que existem outras pessoas e organizações que promovem iniciativas como essa, tanto dentro do LoL quanto outros jogos.
Mas, como tudo no Brasil e no mundo, é preciso investimento financeiro para que o crescimento seja, de fato, viável. É necessário que mais marcas percebam a relevância do cenário feminino e se movimentam para possibilitar o desenvolvimento das jogadoras.
O que fica pós Ravenão? Gratidão
Reforçamos algumas – várias – vezes o quanto o trabalho de lutar pelo lugar das mulheres nos esports é árduo, e até exaustivo. O tempo todos somos bombardeadas de notícias desanimadoras, mulheres sendo ofendidas, abusadas e até ameaçadas em seus trabalhos com games. E isso é de uma tristeza angustiante.
Ainda assim, estaria mentindo se dissesse que esses são os únicos sentimentos dessa luta. Com a angústia vem muita vontade de batalhar e fazer acontecer para todas que sonham em um lugar nesse mercado. Empatia, acolhimento e muita gratidão, essas sim são as sensações que dominam quem está envolvida nesse meio.
E, nada melhor para encerrar esse artigo, com sabor agridoce, misto de revolta e muita vontade de continuar, com as palavras da própria Ravena:
“Eu sei das dificuldades e inseguranças que as mulheres passam, porque passei por tudo isso para chegar até onde estou. E hoje vejo o torneio como uma forma de retribuir todo apoio que tive nessa caminhada e fortalecer outras mulheres que queiram seguir o mesmo caminho. Juntas somos mais fortes.”
Juntas somos, sem dúvida nenhuma Ravena, muito mais fortes!
Nascida paulista e criada mineira, chamo corretivo de ‘branquinho’ e acredito que um copo de água e um pão de queijo não se nega a ninguém. Sou apaixonada por jogos desde que o Sonic Adventures era o único jogo que tinha pro meu Sega Dreamcast. Escrevo por profissão, hobbie e também para desembaralhar umas coisas na cabeça.
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