O ano de 2019 vem forte quando falarmos de competitivo feminino! Uma gama de campeonatos femininos está surgindo, dando visibilidade às meninas do cenário e suas jogadas em Summoners Rift. Só esse ano já foram realizadas 3 edições do Projeto Sakura, 2 edições do Thornmail, a BBL também anunciou sua iniciativa com torneios femininos, sendo um deles o White Rabbit Cup – campeonato amador que já vem sendo executado todos os finais de semana – e o recém divulgado o Torneio Sentinela, promovido pelas meninas aqui no You Go Girls! – As inscrições estão abertas até o dia 30/04, para mais informações clique aqui!
Aproveitando essa leva de campeonatos, no dia 14 de abril, houve a grande final do Projeto Invocadoras, uma parceria entre o Projeto Sakura e a INTZ esports. O Projeto Sakura tem como objetivo dar visibilidade às meninas que pretendem se inserir no competitivo de League of Legends e a INTZ entrou com uma iniciativa de dar a oportunidade de um tryout para que uma jogadora ingressasse na organização. A final contou com as equipes Abatedouro de Eboy e Hamtaro Vem Aí, sendo a Abatedouro de Eboy a grande vitoriosa, levando a melhor por 3×2 mesmo com a Hamtaro sendo favorita, pois tinha em seu elenco nomes bastantes conhecidos, como a Primata, ex-gillete, e a Ruukia, streamer.
Com essa vitória das meninas da Abatedouro, tive a oportunidade de conversar um pouquinho com elas e conhecer um pouco mais sobre o time que vem se destacando bastante no cenário feminino, donas de um nome de time peculiar, um grande carisma e muito potencial de jogo!
O time tem a seguinte composição:
- Top – Julia “Cute” Akemi, 18 anos
- Jungle – Elizabeth “Annie” Sousa, 19 anos
- Mid – Tainá “Yatsu” Santos, 19 anos
- Adc – Luisa “Shyz” Minarelli, 23 anos
- Sup – Letícia “Miss Korea” Porto, 19 anos
Poderia nos contar um pouquinho de como o time foi montado, quem teve a iniciativa, o porquê, e como chegaram nesse nome Abatedouro de Eboy?
Annie – Foi uma amiga que colocou o nome, ela colocou ” Matadouro de eboy” para ser o inverso de “Abatedouro de Egirl”, mas como elas foram parando de jogar acabei ficando sozinha como responsável do time e mudei pra ”Abatedouro”, e como eu tinha outras amigas que jogavam comecei a chamar elas. Eu sempre fui vidrada em campeonatos femininos e gostava bastante de participar, mas em certo momento as meninas com quem eu costumava jogar foram parando, e como conheci algumas fazendo parte de times/jogando os campeonatos, criamos uma certa amizade e jogamos alguns quando temos oportunidade de participar.
Como foi trabalhar o mindset, sendo que pelos bastidores a Hamtaro Vem Aí era favorita?
Annie – Eu não estava preocupada com o time favorito, sinceramente fiquei mais nervosa por me sentir na obrigação de fazer bons jogos. Tive muitas crises de ansiedade por ser minha primeira grande oportunidade, alguns eu tremi de nervosismo e me sentia muito presa e com medo de forçar play por conta disso, mas ao longo dos jogos conseguia arriscar e jogar melhor.
Como foi a preparação de vocês? Rotina? Tiveram algum coach?
Annie – Tivemos sim, treinávamos em blocos de scrims todos os dias contra times D1+ e tivemos ajuda de 2 coachs que nos ensinaram e passaram muita informação útil.
Você jogou contra uma jogadora que é bastante conhecida, a Primata, isso trouxe alguma pressão dentro do jogo?
Annie – Não, ela é mono campeão, então banindo eles o resto era fácil de lidar.
Sabemos que quanto maior o nível em geral do campeonato, mais sinergia é exigida por parte da botlane. Como você trabalha isso com sua dupla?
Miss Korea – Eu e a Shyz já tínhamos jogado alguns campeonatos juntas e como nosso estilo de jogo é bem parecido, a gente se deu muito bem. Junto com o coach e o analista, concordamos que nós duas devíamos melhorar em alguns aspectos, então tivemos algumas aulas teóricas sobre controle de wave, posicionamento na lane e rotação de mapa. Também tivemos ajuda de dois amigos que se ofereceram para treinar 2v2 na botlane, então trabalhamos a mecânica juntas e aprendemos a jogar em match ups desfavoráveis.
Você trouxe a Neeko em alguns jogos, o que deixou muita gente curiosa, sendo que não é uma campeã com winrate alto no mid, atualmente sendo melhor jogada em rotas como suporte e top, tem earlyforte mas decaí no late game. Qual o motivo da escolha, principalmente contra o Vladmir da Cakeland, que anula um pouco a campeã?
Yatsu – Eu trouxe a Neeko por ser um pick de conforto da minha parte e uma grande parte das composições que estávamos contra eram de hard engage e a ult da Neeko consegue ser muito boa contra, então eu peguei ela em uma grande parte dos jogos. Eu escolhi Neeko contra o Vladimir porque meu objetivo era ganhar no push de wave e controle de objetivos, não necessariamente ganhar num scale/1v1. Optei pelo pick para jogar com minha jungler e ganhar o jogo nos objetivos/estruturas.
Durante o campeonato, vimos que você explorou bastante suas adversárias no top, e focou um pouco mais no split. Foi uma estratégia do time ou um estilo de jogada que você sente mais confortável?
Cute – Foi uma estratégia do time, observamos que a vantagem era minha na maioria das match ups, então foi decidido que um spliter se encaixaria em minhas mãos.
Sua atuação no top foi algo “novo”, visto que você já era conhecida anteriormente por ter jogado como suporte pela CNB Trinity. Como foi a adaptação de mudanças de rota?
Cute – Foi uma adaptação tranquila, já tive experiência como mid laner por duas seasons, portanto a noção básica de solo laner me ajudou bastante.
Visto que você já trabalhou com time misto anteriormente, e agora com a Abatedouro de Eboy que conta somente com meninas, você sentiu alguma diferença, comunicação, trabalho em grupo etc.?
Cute – Não senti diferença entre os dois times.
Durante os jogos, vimos que tinha uma torcida sua em peso no chat, isso te afetou de algum modo? Sentiu-se pressionada?
Shyz – Fico muito feliz que várias pessoas torceram por mim. Isso apenas me motivou mais, não me senti pressionada.
Muitos dos jogos a gente viu você optando por Caitlyn. É uma campeã que você se sente mais confortável jogando? Ou foi uma opção que vocês viram como melhor para o draft em si?
Shyz – Caitlyn é uma campeã muito forte na lane phase e, que possibilita muita pressão no jogo, assim meu jungler pode abusar da parte inferior do mapa, fortalecendo nosso estilo de jogo. Além disso, é a personagem que me sinto mais confortável no momento.
Qual foi sensação de vencer a final? Lembrando que na 1ª classificatória o time da Hamtaro Vem Aí desclassificou vocês.
Annie – Quando perdemos a primeira seletiva foi por ter sido muito em cima quando anunciado, não tivemos muito preparo e ajuda, depois disso fomos atrás de pessoas que pudessem nos ajudar para que pudéssemos jogar melhor em time, já que jogávamos apenas 4fun juntas.
Miss Korea – Foi muito satisfatório. A princípio, nós éramos um time que jogava os campeonatos por pura diversão e foi com esse pensamento que chegamos no primeiro dia da seletiva. Quando perdemos um jogo pela primeira vez, a ficha caiu e resolvemos levar o jogo a sério e buscar melhorar como um time – o que as outras meninas já estavam fazendo. Então começamos a jogar scrim todos os dias da semana, além das aulas teóricas, assistir VODs etc. Nosso esforço resultou na classificação para a final do campeonato e apesar de perder os dois primeiros jogos, posso dizer que estávamos bem confiantes em virar a md5, independente do time que estivesse contra.
Yatsu – Eu fiquei extremamente feliz que os treinos deram resultados e todas se empenharam para ganhar depois de termos perdido na primeira seletiva. Sai gritando em call com as meninas quando ganhamos (risos). Apesar do meu desempenho abaixo do que eu posso fazer nos últimos 2 jogos, eu fiquei muito feliz pela vitória.
Cute – Foi uma sensação fantástica, todas as meninas do meu time se esforçaram ao máximo, e devido a isso adquirimos bastante conhecimento para lidarmos contra o time da Hamtaro Vem Aí na final.
Shyz – O time da Hamtaro é muito forte, mas nós batalhamos bastante para alcançar a vitória. A sensação da volta por cima foi muito boa.
Você teve que se deslocar de sua main lane para se adaptar ao time? Se sim, como foi essa transição?
Annie – Não.
Miss Korea – Não! Já fui main adc quando comecei a jogar, mas depois de uns dois anos vi que eu era melhor como suporte.
Yatsu – Não, eu sempre joguei mid, apesar de jogar mais como suporte na soloQ, eu costumo treinar, ver vods, aprender sobre a lane. Só tenho um pouco de problema com autoconfiança no meu jogo na rota do meio, mas já estou trabalhando isso e tenho melhorado muito.
Shyz – Sim, jogava como mid/suporte anteriormente. Mudei de rota para participar da seletiva do Athenas, porém, somente com a Abatedouro de Eboy consegui masterizar meu conhecimento sobre a rota. Hoje não sinto nenhuma dificuldade, devo isso a nossa staff e alguns amigos que participaram dessa trajetória, sou muito grata a todos eles.
Qual expectativa para o futuro do time? Pretendem continuar jogando juntas?
Annie – O time em si é apenas para participar de eventos como esse, cada uma tem seus sonhos individuais, mas enquanto houver campeonatos femininos acredito que a Abatedouro exista.
Miss Korea – Com certeza iremos continuar jogando juntas porque além de um time nós também somos muito amigas, porém, todas almejam um futuro profissional e não sabemos se seria possível “oficializar” o time com todas dentro. Eu acredito no potencial desse time e apesar de querer que todas entrem juntas para a INTZ, torço muito pelo sucesso de cada uma e ficarei muito feliz se uma (ou mais) delas conseguir.
Yatsu – Vamos continuar jogando campeonatos femininos por aí, mas meu foco não é ficar neste time, pretendo entrar em algum outro time para disputar qualify, meu objetivo é entrar pro Circuito Desafiante/ CBLOL e acho que nem todas dentro do time têm esse objetivo em mente.
Cute – Espero que todas sejam chamadas para a INTZ, porém caso isso não aconteça, acredito que continuaremos com o mesmo time para os futuros campeonatos femininos.
Shyz – Abatedouro de Eboy foi criada para os campeonatos de RPs, então, vai continuar ainda. Apesar de não saber como será o futuro das atuais integrantes com a vitória dessa seletiva.
Existe alguma inspiração para você no meio do esports?
Annie – Atualmente não me inspiro em uma pessoa em específico.
Miss Korea – Eu acompanho quase todos os suportes do cenário brasileiro e alguns de outras regiões, admiro muito o trabalho deles, mas não diria que me inspiro completamente nisso. Estou começando a ficar inspirada agora, com as iniciativas que os times estão tomando para incluir as meninas no cenário.
Yatsu – Eu nunca me inspirei em ninguém, mas costumo assistir VODs de soloQ/Competitivo dos considerados melhores para evoluir no jogo. Comecei a acompanhar essas coisas tem pouco tempo.
Cute – Geguri, jogadora profissional de Overwatch.
Shyz – Todas as mulheres que estão no meio do esports me inspiram, pela força e coragem de enfrentarem um cenário composto em sua maioria por homens.
Já tiveram alguma experiência do competitivo anteriormente, antes da formação da Abatedouro de EBoy?
Annie – Já passei por alguns times amadores, mas nada de nível tier 3+
Miss Korea – Joguei em um time do tier 3 por alguns meses. Não aprendi tanto quando aprendi com o coach do Abatedouro de E-boy, mas foi uma boa experiência porque eu não me senti diferente por ser uma menina no meio de quatro meninos, visto que já vi mulheres sendo tratadas de forma desigual em times mistos.
Yatsu – Já tive bastante experiencias jogando em times do tier 3, como Curupira eSports, Dexter Gaming, LIONS eSports, entre outros, já joguei 4 qualifys, mas nunca cheguei tão longe, estou treinando mais e mais para conseguir um dia chegar nos playoffs.
Shyz – Sim, participei de alguns times anteriormente, formados, na maioria deles, para campeonatos amadores.
Você joga League a quanto tempo?
Annie – 5 anos
Miss Korea – Jogo LoL há 6 anos.
Yatsu – Jogo LoL desde o finalzinho da season 3, fazem uns 6 anos mais ou menos, mas eu não gostava, comecei a jogar frequentemente na season 6.
Cute – Comecei a jogar LoL no final da season 2.
Shyz – Jogo desde a season 4.
O que você faz quando não está jogando?
Annie – Faço faculdade de Gestão em TI
Miss Korea – Sou estudante de jornalismo.
Yatsu – Eu trabalho como freelancer, faço encomendas de desenhos/emotes/painéis para streamers.
Cute – Faço faculdade de fonoaudiologia.
Shyz – Atualmente dedico boa parte do meu tempo, para aperfeiçoar minha mecânica e conhecimento de jogo, assim, alcançar minhas metas no lol (pegar challenger tamo ai xd).
Tem algum recado que você gostaria de dar para o pessoal que acompanha o time?
Annie – Eu fico muito feliz por ter pessoas que torcem pela gente, todas do time têm sonhos a respeito do jogo, então espero que consigam ver todas nós no meio dos esports que ainda não estão.
Miss Korea – Agradecer pelo carinho e pela torcida, nunca esperava isso, ainda mais de muita gente. É legal ver que não somos as únicas que acreditam nisso, esse apoio nos ajudou muito.
Yatsu – Eu não tenho muito o que falar além de agradecer, mesmo quando estávamos perdendo, eu olhei o chat da transmissão e as pessoas acreditando em nós, isso não tem preço, muito obrigada pela torcida ♥
Cute – É muito gratificante receber todo o carinho de vocês, saibam que cada apoio me motiva cada vez mais para evoluir!
Shyz – Queria agradecer muito o apoio de todos que torceram pela gente. Sempre sonhei em ser uma jogadora profissional e poder viver disso e, vendo o apoio da torcida me motivou muito alcançar esse objetivo. Com certeza, ver todo mundo ali, torcendo, foi fundamental para o nosso desempenho e, por consequência trazer a vitória para nosso time.
Finalizando, gostaria de agradecer as meninas por terem aceitado a entrevista, desejo boa sorte a todas nesse caminho do esports e espero que sejam grandes influências para outras meninas que querem ingressar no meio competitivo. Vocês podem acompanhá-las/apoiá-las em suas redes sociais!
Cute:
Annie:
Yatsu:
Shyz:
Miss Korea:
Mineira, 24, comentarista e analista de League of Legends, streamer, tradutora e torcedora da TSM.
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