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Mulheres gamers participam do evento #AquiElasJogam

POSTADO POR Rafaela 17/03/2020

A proposta traz a temática da inserção das mulheres no esports

A Pesquisa Games Brasil (PGB) revela que 53% dos gamers no Brasil são mulheres. A You Go Girls, por meio da MGAPlayGames realizou um evento com mulheres que estão em contato com o universo dos jogos eletrônicos para contar suas experiências.

O evento ocorreu em Maringá, no Paraná. Uma homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Foram convidadas jovens para relatar suas vivências diárias com a toxicidade no universo do esport. Foram abordados temas como as causas do machismo predominante dentro e fora do jogo e como mudar isso através da educação.

Uma das sócias da MGA, Keli Silva, 33, fala sobre como busca trazer meninas para a profissionalização. “O evento foi organizado para trazer meninas que jogam e não jogam para a familiaridade com os games. Muitas não tem apoio dos pais, jogam com nicknames masculinos. Queremos trazer para elas a oportunidade de se tornarem atletas, jogadoras profissionais.”

A estudante e jogadora casual de Counter-Strike: Global Offensive (CS), Manuela Correia, 20. Participou do evento e fala sobre como o universo gamer seria diferente se as mulheres recebessem apoio desde pequenas. “O impacto das mulheres nessa comunidade é grande. Se recebessemos mais incentivo desde pequenas, estaríamos dominando, tanto por diversão quanto por competitividade.”

O cenário do esport é um ambiente hostil para as mulheres. Meninas presentes no evento contaram como foram assediadas, abusadas psicologicamente em partidas online. Algumas relataram que só jogam partidas online com amigos, justamente por medo de jogarem sozinhas. 

O psicólogo especializado em esports Lucas Alt, 26, relata que trabalha com meninas do cenário de Rainbow Six Siege e Call of Duty e acompanha de perto os traumas causados pela toxicidade. “Vejo hoje em algumas das minhas atletas um certo desgaste emocional por causa de vários eventos traumáticos que sofreram e sofrem no jogo. É importante mostrarmos desde o começo que os jogos são para todos. Com o tempo a “surpresa” de algumas pessoas ao ver uma mulher jogando profissionalmente diminuirá”. 

Também participou do evento a estudante Emilly Franco, 20, que joga casualmente League of Legends (LoL) e fala sobre a experiência da mulher na comunidade gamer. “Nós não somos bem recebidas. Mulheres que jogam, seja por entretenimento ou profissionalmente, ainda são extremamente subjugadas, apagadas ou ainda sofrem abusos, físicos e psicológicos”.

Ao final do evento, a discussão se abriu em como mudar esse ambiente. Uma das medidas discutidas foram como as escolas podem utilizar esse ambiente gamer para ensinar as crianças. Para que compreendam alguns cenários, assim desmistificando alguns preconceitos sobre esse meio para seus pais ou responsáveis. “Pela educação podemos mudar a maneira dos pais verem os jogos como algo ruim, levar os games para a sala de aula e dar oportunidade para todo mundo ter acesso”, explica Keli.

Lucas Alt ainda explica que os esports, assim como os esportes tradicionais, têm valor educativo. “Quando falamos sobre unir educação e esports temos que ter muito cuidado. Não é simplesmente colocar um aluno para jogar alguma coisa, deve-se ter um objetivo e qual vai ser o tipo de jogo mais indicado para que esse isso se cumpra. Realizar campeonatos nas escolas é uma iniciativa muito importante, ajudará os alunos a desenvolverem habilidades de socialização, pensamento lógico, desenvolvimento motor localizado e perseverança”.

Texto escrito em parceria com alunos da faculdade UNIFAMMA que acompanharam o evento. Ariane Toni, Gabriel Vanzo, Leonardo Falavigna, Rebeca Bego e Rafaela Pena.

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