O cenário feminino vem crescendo e ganhando seu espaço dentro de Rainbow Six Siege, seja como player, caster/comentaristas etc. As mulheres vem ganhando seu espaço e mostrando sua força, dentre algumas delas, podemos destacar como uma das principais responsáveis por isso a Victoria Rodrigues, mais conhecida como “Viic Rodrigues”.
Fala um pouco da sua trajetória dentro do cenário, dentro do R6:
“Na verdade isso é uma história curiosa que pouca gente sabe. Eu fui chamada só para cobrir a Super Liga na época. Eu sou jornalista e trabalhava cobrindo os campeonatos de R6. Então eu fui chamada para cobrir e fazer entrevistas com as jogadoras. A ideia era ter um Staff de mulheres, já que o campeonato era feminino. Outras duas casters mulheres já estavam fechadas com a organização. No entanto uma semana antes do inicio do campeonato as meninas desistiram, então os organizadores iriam narrar e perguntaram se eu não aceitaria comentar, já que eu conhecia bastante do game. Então tecnicamente eu fui cobrir buraco, mas aí fiz os primeiros jogos, o feedback foi positivo. Algumas pessoas gostaram e eu fui ficando. No fim fiz a temporada toda como comentarista, além de fazer as entrevistas com as jogadoras. Nesse momento eu descobri que talvez eu tivesse um futuro como comentarista.”
Depois da Super Liga, você deu uma pausa, decidiu que precisava se afastar um tempo do cenário. Se dedicou ao trabalho de jornalista, que ainda hoje é sua principal ocupação, afinal sabemos que viver só do Rainbow Six hoje em dia, ainda não é algo fácil de se conquistar. Como é ser mulher e estar dentro desse meio “dominado” por Homens?
“Olha vou te falar que eu demorei bastante para investir nisso de verdade porque eu sabia que tomaria hate. Quando acabou a Super Liga eu fiquei um tempo fora e voltei depois. Eu sabia que por ser mulher eu tomaria bastante hate, como tomo hoje do mesmo jeito. Mas a diferença é que usei esse tempo para me preparar psicologicamente para isso. Percebi que não adianta mais a gente se esconder, eu preciso dar a cara, então quando resolvi que voltaria eu estava pronta para enfrentar isso, mas hoje eu percebo que o hate não tem fundamento, então não tem porque eu ficar abalada com isso. O cenário mesmo, incluindo casters, players etc, apoiam e curtem meu trampo. Além de que a verdade é que a comunidade é tóxica, até os pro players recebem hate, como eu não receberia?”
Jornalista, 24 anos, quando começou na super Liga ainda estava com 23 anos. Quando disse em casa que era isso que queria pra sua vida, que esse era seu sonho, você teve apoio?
“Eu comecei fazendo como hobby né? Hoje que as coisas estão começando a ficar mais profissionais, é diferente, mas todo mundo me apoia. Quando comecei a ter reconhecimento e as pessoas me mandavam mensagem, acho que minha família percebeu que era sério. Eles começaram a ver que isso tinha retorno. Acho que pra mim essa caminhada acabou sendo mais tranquila porque eu ter começado “mais velha”. Talvez se eu tivesse 17/18 anos teria sido diferente.”
Esse é um trabalho que requer muita dedicação, que exige demais de você, porque não é só chegar em uma transmissão e comentar, você tem todo um trabalho fora do “ar”, todo um trabalho nos bastidores, exige estudo do game e muito. Você já disse que trabalha como jornalista também, como é conciliar isso tudo? Trabalho durante o dia, narrações, vida social, da tempo de curtir?
“Olha é bem complicada, mas eu adoro meu emprego, faço o que gosto, mas descobri uma paixão enorme pela narração/caster e pretendo seguir minha vida nisso. Com relação a vida pessoal também é bem complicado. Muitas vezes precisei abdicar de festas, saídas etc, por causa de campeonatos. Porque eles sempre acontecem de noite ou no final de semana, né? Mas pra ser sincera eu me considero uma pessoa organizada, então até que eu não sofro tanto. Consigo me programar bem para conciliar tudo. Lógico, às vezes eu fico bem cansada, mas sei que vai valer a pena.”
Acho que pra todo mundo que acompanha sua trajetória desde lá da super liga, sabe que com certeza vai valer a pena, porque você vem conquistado tanta coisa boa, você vem crescendo dentro cenário, começou la atrás com a Super Liga, depois voltou cobrindo os campeonatos femininos da BBL, até receber o convite do Moska1 pra fazer as transmissões do campeonato da LSA e ali foi ganhando destaque, até o convite do Fonta pra cobrir o Minor. Logo depois recebeu o convite do Retalha de fazer a cobertura com ele do BR6 B.
Experiência como caster:
- Super Liga Feminina de R6
- Qualify do Circuito Feminino da Ubisoft
- Liga Feminina de Rainbow Six (LSA)
- White Rabbit Cup de Rainbow Six da BBL
- Allied Esports Rainbow Six Minor Las Vegas
- Brasileirão de Rainbow Six Série B
- Mad Hatter de Rainbow Six da BBL
- Brasileirão de Rainbow Six Série A (escala invertida)
- Closer Qualify Six Major Railgeh 2019
Acredito que para qualquer pessoa que tem esse sonho de ser caster, de trabalhar com isso, o objetivo é sempre estar cada vez mais crescendo e chegar as transmissões dos principais campeonatos. Estamos ai as portas do Major, um dos principais campeonatos de Rainbow Six, e você foi convidada a fazer a transmissão da final. Qual foi a sensação de estar ali no palco dos estúdios, ao lado de ninguém menos que Qep, qual a sensação, sonho realizado?
“Cara não tenho nem palavras para descrever. Quando recebi o convite já tinha sido um sonho. Só de terem lembrado de mim, pensando em mim como possibilidade já era um sonho. Foi naquele dia que eu senti que era isso que eu queria fazer da minha vida de verdade. Aquele era meu sonho. Antes eu tinha dúvidas, naquele momento eu tive certeza. O carinho e apoio que recebi depois daquele dia foi insano. Recebi bastante hate também, mas faz parte do jogo.”
Sem Duvidas é algo muito merecido, seu esforço é dedicação ao cenário feminino, ao crescimento dele, mas também ao cenário no geral. As analises sempre bem especificas e muito coerentes, comentários imparciais e convictos. São coisas que acrescentam demais as transmissões, consegue passar ate mesmo aqueles que ainda estão conhecendo o game, conseguem entender de forma simples com suas análises. Esperamos vê muito mais Viic nas transmissões, seja circuito feminino, LSA, BR6 e muito mais. Se pudesse deixar um recado pra outras mulheres que tem sonho de entrar nesse mundo do e-sports, seja como Narradora, master, Analista, Player, entre outros, qual recado mandaria pra elas?
“Acredite no seu potencial e não deixe ninguém te dizer o contrário. Eu mesma não acreditava. Eu não achava que podia, não achava que era boa, mas o carinho do pessoal, da comunidade, a quantidade de gente me ajudando, eu percebi que eu podia mais. A caminhada é difícil, mas vale a pena, se mantenha humilde e não ache que sabe mais que ninguém, ainda mais trabalhando com Rainbow Six que é um jogo tão complexo. Eu coloco sempre isso na minha cabeça e não paro de estudar. Eu fui sempre fazendo o meu sem precisar passar por cima de ninguém, mesmo já tendo gente que passou por cima de mim. Antes de qualquer coisa isso é uma coisa de você com você mesma. Então estuda, trabalha, corre atrás do teu que uma hora a oportunidade vem. Fico feliz que as mulheres estão aparecendo cada vez mais no cenário. Só vamos!”
Sou a Nayla, carioca, tennho 27 anos. Jogo Rainbow Six Siege e atualmente coordeno uma Organização de E-Sports.
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