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De vez em quando estamos tão ocupadas recebendo tantas informações nas redes sociais e influências que nem sempre passam percebidas, que quando temos consciência, estamos simplesmente rodeada por homens protagonistas. Não, isso não é um repúdio, mas você já se perguntou o por quê dos homens conseguirem tão rápido reconhecimento e as mulheres ficarem ligeiramente “para trás”? 

Hoje no dia mundial do rock, certamente você pensa na trajetória do Slasher ou de bandas renomadas desde os anos 90, como Nirvana e Pearl Jam. Mas você já ouviu falar do Riot Girl movimento? Não? A gente te conta! 

O movimento surgiu com o impulso do feminismo em Olympia, no início da década de 90. Abraçava os estilos punk, punk rock e grunge underground que ainda eram considerados o ápice do rock na época — para os homens, né. As bandas formadas por mulheres começaram a crescer de maneira independente e ganhar espaço com suas canções contra machismo, sexismo, violência doméstica, estupro e empoderamento feminino. Foi um ato tão marcante na época, que surgiu o termo DIY (do it yourself, em português, faça você mesmo). Algumas bandas pioneiras como Bikini Kill, Bratmobile, Heavens to Betsy, Excuse 17, Huggy Bear e Skinned Teen ficaram tão empenhadas em levar as mulheres para o cenário do rock, que o Riot Grrrl Movimento se tornou um “grassroots” como eram conhecido na época, movimentos sociais e ativistas que enfatizavam grupos locais.

“Nós, mulheres, fazemos discos, livros e zines. Nós falamos para nos sentirmos incluídas e compreendidas a nossa maneira. Estamos de saco cheio da sociedade que acredita que as mulheres são burras, ruins e fracas”, dizia o texto original do manifesto.

Em 1989, a revista Puncture teve uma edição que marcou o manifesto publicando na capa “Mulheres, Sexo e Rock n’ Roll”. As mulheres da cena underground estavam tão unidas contra o punk misógino e excludente, que usavam panfletos para divulgação não só de músicas, mas artes e fanzines feitos por elas.

Em 1995, uma gravadora independente, K Records, organizou um festival em Olympia chamado Pop Underground Convention e durou seis dias. O que alavancou o movimento, já que toda sua line-up foi protagonizada unicamente por mulheres. Aliás, foi nessa ocasião que Kathleen Hanna (vocalista da banda punk Bikini Kill) gritou no microfone: “Girls, to the front!”.

Segundo a fonte Reverb, o título do maior sucesso do Nirvana, surgiu a partir de uma brincadeira de Kathleen, amiga de Kurt Cobain e na época namorava a baterista do Bikini Kill, Tobi Vail. As duas descobriram que havia uma marca de desodorante chamada Teen Spirit e ficaram rindo disso. Naquela mesma noite, encontraram com Kurt e o baterista Dave Grohl e no meio da farra, Kathleen escreveu na parede do quarto do vocalista a frase: “Kurt smells like teen spirit”. Sem saber que era o nome de uma marca de desodorante, ele depois usou aquilo para batizar o que viria ser o maior hit da banda.

O termo “Riot Girl” foi perpetuando por algum tempo, mas surgiu o “grrrl” como um rosnado a ser ouvido pela geração e homens da época que diziam que rock não era coisa de mulher.

Em 2020, o Riot Grrrl completará 29 anos e, mesmo não sendo o mesmo que da década de 90, ele não desapareceu. Ainda existe muita luta feminina principalmente dentro das gravadoras e em festivais mundiais. É importante valorizarmos o trabalho de mulheres, e principalmente, os independentes. 

Separamos algumas mulheres independentes e bandas rockzeiras que vale MUITO a pena conhecer e potencializar essa criatividade feminina na música.

FAR FROM ALASKA:

Banda brasileira de stoner rock fundada em 2012 em Natal, Rio Grande do Norte, composta pelas belíssimas Emmily Barreto e Cris Botarelli ganharam ainda mais visibilidade quando foram convidadas para tocar no Lollapalooza de 2015, e desde então não pararam mais.  Em 2017  tocaram no Download Festival no mesmo dia que bandas como System of a Down. Abriram a final do campeonato de League of Legends no Rio de Janeiro em 2019 e foram aplaudidas pelo sing “How bad do you want it?”.

MELYRA:

Banda carioca de heavy metal clássico, conta com uma formação 100% feminina composta por Drika Martins, Fernanda Schenker, Helena Accioly, Roberta Tesch e Verônica Vox mostram muito bem que rock é coisa de mulher!

NERVOSA:

O trio brasileiro de thrash metal, formado em São Paulo. A atual formação consiste em Fernanda Lira, Prika Amaral e Luana Dametto. A maior parte das letras da banda se focam em problemas sociais do Brasil, como corrupção e política. Tocaram no Rock in Rio 2019 e no mesmo ano, foram escolhida como sendo o primeiro grupo brasileiro a ser escalado para a edição do trigésimo aniversário do Wacken Open Air, o maior festival de heavy metal do planeta, a se realizar em 2020. Surpresa? Nenhuma.

CHARLOTTE MATOU UM CARA:

Banda punk feminista de São Paulo composta por Andrea, Dori, Katharina e Nina, leva a referência à Charlotte Corday, que matou Jean-Paul Marat durante a Revolução Francesa. As músicas são repletas de acidez, agressividade e tudo o que há de bom para bater bastante cabeça e pular bastante em mosh pits. O recado delas? “Meninas, por favor, montem bandas, vamos tocar juntas e derrubar o patriarcado no grito, tornar a vida desses machistas um inferno. Fora Temer e abaixo o patriarcado!”, em entrevista a Azmina.

EPICA:

Banda holandesa e nascida como uma banda de metal sinfônico com tendências góticas usam frequentemente riffs de thrash metal e groove metal, composta pelo vocal belíssimo de Simone Simons. A música do Epica é agressiva, bombástica e excessiva que vale a pena ouvir!

THE DONNAS:

Girl band de hard rock americana formada por quatro garotas estadunidenses desde 1993. Brett Anderson, Allison Robertson, Maya Ford e Amy Cesari desde o ginásio começaram a ensaiar e provocar a todos com suas letras e seu som punk. Em 1998, lançaram o “American Teenage Rock And Roll Machine” que fez sucesso no cenário underground. Depois disso, alavancaram no glam rock e posteriormente, no hard rock.

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